segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Filho de Goiamum

“...Nada te devo
Portugal colonial...”
David Mestre

A meu pai
nada devo
esse caucasiano
que ajudou
a conceber-me.
Quando nasci
descobri casa
e causa negra
que suguei
nos seios
da negra mãe.
Sonhei afagos
beijos, talvez
nunca acontecidos
desse homem
que ajudou
a conceber-me.
A paz
a causa e a casa negra
as iyás que me guiaram
me tornaram crente
cético com a vida
delas ganhei
a pretensão do eterno
e dos outros o título:
filho de goiamum.


Geraldo Potiguar do Nascimento
São Paulo, 16.05.08.

Um comentário:

  1. Crustáceo azulado e de sabor agradável, parecido com o caranguejo. No Nordeste onde existe litoral e mangue é possível pegar alguns goiamuns. Pode-se levar vivo para casa, colocar num tanque, geralmente de alvernaria e colocando sobras de comidas, inclusive cascas de frutas como banana e outras ele vive bastante tempo crescendo e engordando chegando a pesar em torno de 2kg. Um caranguejo desse tamanho tem uma das patas enormes e pode até decepar o dedo de alguém sem técnica e/ou jeito de lidar com ele. Semelhante a lenda do boto tucuxi da região do Amazonas o goiamum ao tal crustáceo é dado a pecha de se transformar em um belo rapaz que em noite de lua cheia seduz as belas donzelas que moram nos arredores. Aos meninos e meninas que nascem sem conhecerem o pai,(bastardas e bastardos) ou seja: aqueles, cujo os pais que por machismo, mal caratismo, irresponsabilidade, não assumiram suas crias, a suas crianças é dado o epíteto de: filho de Goiamum. Há uma música composta pelo cantor natalence Elino Julião que nos seus versos diz: "É filho de goiamum/É filho de goiamum/Todo mundo tem um pai e eu não tenho um ". No caso de David Mestre, poeta africano que uso um pequeno trecho de seu poema como exórdio no meu se refere ao estupro a que foram submetidas as negras da África e a cobrança que foi feita pelos portugueses na època em que os países aderiram a luta de libertação. GPN

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