segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Agô

Ao Pai Lilico da Osun

“folga negro
branco não vem cá
se vier
pau há de levar
folga negro
branco não vem cá
se vier
negro há de matar”
(Canto entoado no fuzuê das senzalas após o dia de trabalho).



Batam palmas
essa é a nossa festa
a porta perdeu a tramela
a épula está posta
a calma reina
eu permito.
O olho caminha pelos espaços
o suor me toma a testa
o brilho me encanta
suo entre os pixains.
Os beiços demonstram a sensualidade
milho
Amendoim
feijão
bife
pimenta
esse é o meu banquete.
Que venham as quilombelas
e os quilombolas
quero a luz dos candeeiros.
Quero chamego
larguei lança e rebenque
atrás da porta.
Eh mulher negra
deusa de ébano
companheira de lutas
alcovas e jardins
na grandeza do aiyê.
Vem, me dá um cheiro no cangote
vamos medir nossos beiços
amemos sem limite
a posteridade espera nossa atitude.
A luta é negra
o ogó é o caminho
essa canha aumenta o meu prazer
deixa meu olho esperto
pelos espaços.
Essa pau-a-pique
é pouco para nós
nada nos prende
o aiyê é nosso
somos o aiyê
lalupô.

Geraldo Potiguar do Nascimento
São Paulo, 22.03.08.

Nenhum comentário:

Postar um comentário