tag:blogger.com,1999:blog-57891582952651278742024-03-21T03:05:01.903-07:00Casa do PotiguarUm blog de escritor para todos aqueles que gostam de ler.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.comBlogger34125tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-46042017851519324002012-03-22T08:58:00.000-07:002012-03-22T08:58:56.864-07:00Convescote a Gaúcha ou Convescote na Rua da PraiaPorto Alegre é uma cidade linda. Cidade lambida do oeste ao sul pela baía do Guaíba. Salve o por do sol desse lago, uma das grandes belezas do mundo. Um por do sol retratado em fotos, versos, poesias, crônicas e outras. A cidade cresceu. Cresceu e se desenvolveu. O mais importante de tudo isso é que apesar de ter aberto as asas para o progresso a cidade não perdeu aquele ar provinciano. Muitos vêm do interior, de outros estados e de outros países com muita vontade de crescer. Com ela vêm os sonhos, os desejos de sucesso, mas não abrem mão dos valores, dos costumes familiares e hábitos da infância. <br />
<br />
A rua da praia é um celeiro de vozes. De inspiração. De desejos. Todos têm direitos a essa famosa rua: o comercio, principalmente após a General Câmara (antiga Rua da Ladeira), acompanhando a antiga Rua da Graça incorporada que foi a Rua dos Andradas, rumo ao bairro de Moinhos de Vento. Há a Praça da Alfândega com tudo que há de diversidade. É nessa praça que meninos e meninas se encontram e principalmente adultos para a partir daí traçarem seus planos de sobrevivência. Uns rompem a madrugada em busca de um ou trabalhando no do dia seguinte.<br />
<br />
Seguindo em direção ao rio ou a baía do Guaíba, do fim para o início da rua, chegamos a região militar. Em homenagem aos militares está ali, bem próximo, a Praça Brigadeiro Sampaio com suas quadras poliesportivas, brinquedos para crianças como: balanços, escorregadores, e outros; telefones públicos, cestas de lixo para os conscientes não sujarem as vias publicas, mini mercado (do outro lado da rua), espaços longos e amplos sob os pés de araucária e eucalipto onde muitos moradores das redondezas passeiam com suas crianças e/ou com seus cães.<br />
<br />
Foi nessa praça que conheci seu Manoel. Diz ele ser um legítimo representante dos primeiros moradores da cidade. Manoel Gracia Lopes como faz questão de se apresentar. Com a mesma pomposidade nos apresenta dona Domi. Assim para os íntimos, ele diz. O nome de sua esposa é: Domitilla Figueiredo Lopes, segundo ele, descendente direta do brigadeiro José Marcelino de Figueiredo fundador da cidade de Porto de São Francisco dos Casais, hoje Porto Alegre.<br />
<br />
Este senhor é um homem tranqüilo. Nasceu e sempre morou na Rua da Praia. Aos domingos e feriados reúne a família que é possível reunir para um belo convescote. A diferença fundamental é que sempre fazem parte desse encontro: um bom churrasco de costela de boi gordo, chimarrão e vinho.<br />
Quando está frio ou quando dá na telha está lá ele e sua inseparável esposa completamente pilchados: ele sem esquecer nem o chapéu de barbicacho e ela a sua flor vermelha no cabelo. Apressado ou no verão, o bermudão, o tênis e o avental de churrasqueiro é sua indumentária. Roupinha coloquial é a da esposa.<br />
<br />
Trovador como ele só. Adora uma boa trova desde que tenha platéia. Grande ou pequena, não importa. Esse homem adora falar principalmente sobre as vitórias dos gaúchos: a batalha do chaco; a entrada dos açorianos nessas terras do sul que relata como se tivesse também participado; a revolução farroupilha e o levante federalista onde, pela sua índole, teria lutado. Chimango ou maragato, não importa. Estaria lá pela honra e glória do seu Rio Grande.<br />
<br />
A violência acha coisa da modernidade que ainda não lhe fez mudar de hábitos. Preocupa-se mais com a caçula. Homem de vida dura, militar da reserva, familiarizado com a vida na caserna, domador de cavalo xucro quando prestava serviço na cavalaria não consegue domar a Fatinha. Maria de Fátima Figueiredo Lopes tem 18 anos. Muito bonita. Segundo ele, linda como a avó. Queria que fosse professora como a mãe dele, mas teve que aceitar a mudança da guria do curso de ensinamentos pedagógicos para o de artes cênicas. Essa coisa de teatro e cinema. Teimosia da juventude.<br />
Reclama das tatuagens que a sua eterna piazinha cisma de fazer em lugares que na sua esposa considera sagrados e principalmente da novidade: o brinco prateado que atravessou na língua.<br />
<br />
Na festa de 18 anos Fatinha apresentou o João Fernandes que seu pai só gostou do nome. O rapaz também é descendente legítimo dos primeiros açorianos e seria grande e vistoso. Um belo gajo se se vestisse bem à moda de Portugal ou classicamente do Brasil coisa assim considerada normal. No entanto o candidato a genro se veste com calças rasgadas, desfiadas, às vezes manchadas de tinta, parecendo trapos. Têm no corpo várias tatuagens e vários brincos. Se diz cantor. Com a namorada e amigos tem uma banda. Todos com o perfil parecido. Um belo dia, a convite dos dois, saiu do seu apartamento, arrastando a esposa, para assistir a um show do grupo deles. Os dois não entenderam nada das letras das músicas e quase se afogaram na fumaça que, pelo que imaginam, fazia parte do show. O que consideram a parte boa da noite é que curaram as dores nas cabeças entre vaneras, vanerões e chulas num bailão ali perto.<br />
<br />
Seu Manoel tenta entender os jovens. Lembra do seu tempo e... apesar de tudo espera o casório para breve. Uma grande festa será realizada, pois foi assim que seu pai lhe ensinou que se faz casamento de filha. Dessa parte não abre mão. Sonha com netos. Muitos netos para aumentar a alegria nos convescotes da Praça Brigadeiro Sampaio. Se os brincos deixarem.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
Copyrigth 2005 by Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
Todos os direitos reservados. <br />
<br />
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365 dias de sol por ano.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-330487363726376322011-11-28T19:22:00.000-08:002011-11-28T19:22:26.561-08:00SilêncioA Elônia<br />
<br />
O Silêncio é algo dúbio<br />
para uns<br />
pode ser o fim<br />
outros pensam na reflexão.<br />
Não quero falar nesse assunto:<br />
diriam alguns<br />
quero mas não consegui<br />
coragem o suficiente<br />
Silêncio pode até não ser<br />
mas gera sofrimento<br />
embora muitos digam que é paz.<br />
Há os que preferem uma<br />
vida de paz<br />
de silêncio<br />
outros preferem o agito<br />
dos acontecimentos<br />
mesmo que não sejam<br />
muito silenciosos<br />
Silêncio é espera<br />
é solidão<br />
é dúvida<br />
momentos de ânsia<br />
sonhos do futuro.<br />
Ah o silêncio!<br />
Esse gigante que nos penetra<br />
e vai aos poucos<br />
nos consumindo.<br />
É preferível o contraponto<br />
a antítese<br />
a discórdia.<br />
No silêncio não se ouve<br />
o murmúrio das águas<br />
o mais doce acalanto<br />
dos enamorados.<br />
Silêncio é fúnebre<br />
sepulcral<br />
estressante<br />
tristeza de perda<br />
fim dos sonhos<br />
triste fim para os ávidos de desejo.<br />
Ah o silêncio!<br />
Silêncio é o fim!<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
Porto Alegre, 26.06.05.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-29495416841635969162011-11-28T19:20:00.001-08:002011-11-28T19:20:37.168-08:00Tri, poli, multi“...Ter uma só cara é estar nu<br />
em casa/ ou no jardim...”<br />
Tomé Varela da Silva<br />
<br />
<br />
Fujo da monotonia<br />
assistindo as caras<br />
o manual africano<br />
me deu as letras<br />
de suportar o mundo<br />
o verdadeiro néctar<br />
vem da fonte..<br />
O mundo que dizem poli<br />
é copia mal feita<br />
desse manual<br />
multidimensional.<br />
A água do mar trás recados<br />
de Yemanjá<br />
Oxum<br />
a deusa do ouro<br />
e da fecundação<br />
é a mestra.<br />
A música é de qualidade<br />
as épulas e as alcovas<br />
são sublimes<br />
sim<br />
sou multi<br />
multidimensional<br />
fugindo da monotonia.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 18.05Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-47227741631472328652011-11-28T19:19:00.000-08:002011-11-28T19:19:25.092-08:00Filho de Goiamum“...Nada te devo<br />
Portugal colonial...”<br />
David Mestre<br />
<br />
A meu pai<br />
nada devo<br />
esse caucasiano<br />
que ajudou<br />
a conceber-me.<br />
Quando nasci<br />
descobri casa<br />
e causa negra<br />
que suguei<br />
nos seios<br />
da negra mãe.<br />
Sonhei afagos<br />
beijos, talvez<br />
nunca acontecidos<br />
desse homem<br />
que ajudou<br />
a conceber-me.<br />
A paz<br />
a causa e a casa negra<br />
as iyás que me guiaram<br />
me tornaram crente<br />
cético com a vida<br />
delas ganhei<br />
a pretensão do eterno<br />
e dos outros o título:<br />
filho de goiamum.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 16.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-52806875916895470882011-11-28T19:18:00.000-08:002011-11-28T19:18:14.764-08:00Preta de Pixe“...e ao toque dos lábios do príncipe, os olhos dela se abriram...”<br />
do livro: Branca de Neve e os Sete Anões.<br />
<br />
<br />
Foi lá que nossos olhares se tocaram<br />
sete de julho nas escadarias<br />
outras fadas ou bruxas me rodearam<br />
conheci geografias e anatomias<br />
terras firmes, belas e férteis.<br />
O teatro sempre foi a vida<br />
o sono foi pulado<br />
a escola foi a ocupação<br />
o trabalho a mantinha viva.<br />
No segundo tempo demos as mãos<br />
a maçã era de chocolate<br />
e com novo formato.<br />
Conhecemos nossos corpos<br />
cafunés malandros entre as carapinhas<br />
supriram nossas carências.<br />
Alegria, batuque, parati e balangandãs<br />
supriram nossa festa de união<br />
o mungunzá nos nutriu<br />
no chamego me fiz às.<br />
Vivemos felizes<br />
O barco flutuando<br />
Os filhos crescem<br />
Enquanto escrevo<br />
O “para sempre” dela<br />
É no serviço público<br />
Até a aposentadoria.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 14.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-12373098214346997402011-11-28T19:16:00.001-08:002011-11-28T19:16:54.358-08:00Negrinhos em EvoluçãoA Addae, Damali, Haile e Makini<br />
<br />
<br />
Os filhos são para a alegria<br />
são para o mundo<br />
antes os sonhos<br />
no real eles crescem<br />
em primeiro plano nos emocionam<br />
as lágrimas lavam o rosto<br />
o coração dispara.<br />
Em segundo plano<br />
buscam a ciência<br />
é lá que desafiamos<br />
os carentes e saudosos<br />
de Gobineau.<br />
As festas estão na moda<br />
o gen construiu cabeças<br />
as transformações serão históricas<br />
os negros novos percebem e curam<br />
as cicatrizes que povoam<br />
os corpos e as mentes.<br />
Que vivam os negrinhos<br />
e as negrinhas<br />
nossos eternos erês.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 12.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-37817059720247806982011-11-28T19:15:00.001-08:002011-11-28T19:15:38.060-08:00Amemos Nus“... Me liberto do complexo dos conservadores/<br />
adormeço em teus odores/<br />
libido/<br />
perfume e os gemidos/<br />
quase perco os sentidos...”<br />
Akins Kinte<br />
<br />
<br />
Sua sensualidade me atiçou os olhos<br />
liberou meu senso crítico:<br />
é uma princesa.<br />
Seu andar me fez voar pelos sonhos<br />
de olhos abertos vou ao descontrole<br />
do corpo e da mente.<br />
Sua estrutura é aquela que esteve sempre<br />
nas minhas aspirações<br />
às vezes<br />
nas inspirações<br />
e transpirações.<br />
Neste leito negra<br />
somos apenas um casal<br />
príncipe e princesa em desencantamento<br />
e não lhe condeno<br />
por profanar meu corpo.<br />
Amemos nus.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 10.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-36781820437140101492011-11-28T19:14:00.000-08:002011-11-28T19:14:01.746-08:00AtitudesA Matilde Ribeiro<br />
<br />
“... mas a fome”.<br />
será o menino<br />
correndo roto<br />
no alcatrão<br />
dando vida<br />
ao aro do barril...”<br />
Helder Proença<br />
<br />
<br />
Ouvi o Hugo Ferreira<br />
sobre a fome no Brasil<br />
e no mundo<br />
na década de setenta.<br />
Há democracia<br />
faces negras nas estruturas.<br />
Hoje estamos<br />
no andar intermediário<br />
buscando o superior.<br />
Lá nos lixões<br />
o povo negro<br />
como Carolina e eu<br />
buscam o alimento<br />
da vida.<br />
Os fedelhos negros<br />
sobem nos monturos<br />
e mesmo neste cimo<br />
não alcançam a escola.<br />
Estamos na megalópole<br />
tudo é paz<br />
no sul maravilha.<br />
Em terras potiguares<br />
apesar das mangas e cajus<br />
ou no Piauí<br />
apesar das uvas<br />
existe a fome.<br />
Rostos cinzas<br />
dos pimpolhos<br />
com sujeira nos pixains<br />
mesmo sem saber<br />
enquanto fogem das escolas<br />
em busca da vida<br />
rolando pneus<br />
esperam de nós<br />
atitudes.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 08.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-6580040787002101672011-11-28T19:12:00.000-08:002011-11-28T19:12:23.280-08:00Ciência, Revolução e ArteAos membros do Movimento Negro de Arte e a todos os artistas reconhecidos ou não.<br />
<br />
<br />
“A felicidade do negro é uma felicidade guerreira...”<br />
Gilberto Gil.<br />
<br />
<br />
Toco berimbau<br />
instrumento de uma corda só<br />
cavaquinho<br />
cítara<br />
violão<br />
viola<br />
guitarra<br />
harpa<br />
são meus dons.<br />
Crio loas<br />
jogo capoeira<br />
no piano sou o bom<br />
unindo a voz e a sonoridade<br />
canto samba<br />
jongo<br />
calango<br />
óperas<br />
sou também do improviso<br />
estilo livre<br />
sou rei do rock<br />
reggae<br />
do rytim and blues<br />
do forró<br />
do funk<br />
do rap<br />
do futebol<br />
................<br />
Em terras brasileiras<br />
dei conta de amos<br />
e capitães do mato<br />
fui Palmares<br />
Jabaquara<br />
e muito mais<br />
Com farroupilhas<br />
lanceiros negros<br />
como prêmio<br />
assassinato coletivo<br />
aves<br />
campos<br />
florestas<br />
testemunhas vivas<br />
do Massacre dos Porongos.<br />
Estou na olimpíada<br />
da matemática<br />
orgânico sem deixar<br />
de ser racional.<br />
Em Angola<br />
Moçambique<br />
São Tomé e Príncipe<br />
Cabo Verde<br />
fui guerreiro<br />
Liberdade !!!<br />
Hoje na reconstrução.<br />
Canto e danço e vadio<br />
Com classe.<br />
Na luta<br />
a dança, o canto, a vadiação<br />
são atos de amor.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 05.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-64622648815050300002011-10-24T15:48:00.001-07:002011-10-24T15:48:42.204-07:00Mãe África“... as nossas raízes nasceram longe/<br />
muito longe/<br />
antes da primeira caravela ...”<br />
Albino Magaia<br />
<br />
Abra o mapa<br />
Veja a África<br />
é daí que venho<br />
foi daí que veio<br />
o sangue que corre<br />
em minhas veias.<br />
Olhe o mapa<br />
atentamente<br />
foi aqui<br />
bem aqui<br />
que surgiu<br />
o primeiro ser humano.<br />
Reproduzimos<br />
povoamos o mundo<br />
alcançamos todos os continentes<br />
ocupamos os espaços<br />
que após eras<br />
foram assaltados<br />
pelos invasores.<br />
Veja o mapa<br />
veja a África<br />
ela é mãe<br />
minha mãe<br />
sua mãe<br />
nossa mãe.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 01.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-42272276503937504722011-10-24T15:47:00.000-07:002011-10-24T15:47:11.729-07:00AgôAo Pai Lilico da Osun<br />
<br />
“folga negro<br />
branco não vem cá<br />
se vier<br />
pau há de levar<br />
folga negro<br />
branco não vem cá<br />
se vier<br />
negro há de matar”<br />
(Canto entoado no fuzuê das senzalas após o dia de trabalho).<br />
<br />
<br />
<br />
Batam palmas<br />
essa é a nossa festa<br />
a porta perdeu a tramela<br />
a épula está posta<br />
a calma reina<br />
eu permito.<br />
O olho caminha pelos espaços<br />
o suor me toma a testa<br />
o brilho me encanta<br />
suo entre os pixains.<br />
Os beiços demonstram a sensualidade<br />
milho<br />
Amendoim<br />
feijão<br />
bife<br />
pimenta<br />
esse é o meu banquete.<br />
Que venham as quilombelas<br />
e os quilombolas<br />
quero a luz dos candeeiros.<br />
Quero chamego<br />
larguei lança e rebenque<br />
atrás da porta.<br />
Eh mulher negra<br />
deusa de ébano<br />
companheira de lutas<br />
alcovas e jardins<br />
na grandeza do aiyê.<br />
Vem, me dá um cheiro no cangote<br />
vamos medir nossos beiços<br />
amemos sem limite<br />
a posteridade espera nossa atitude.<br />
A luta é negra<br />
o ogó é o caminho<br />
essa canha aumenta o meu prazer<br />
deixa meu olho esperto<br />
pelos espaços.<br />
Essa pau-a-pique<br />
é pouco para nós<br />
nada nos prende<br />
o aiyê é nosso<br />
somos o aiyê<br />
lalupô.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 22.03.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-68822678033139068512011-10-24T15:45:00.001-07:002011-10-24T15:45:25.534-07:00Sou o AmorQue eu seja o amor<br />
Que sana suas angústias<br />
Que eu seja o amor<br />
Que lhe trás a paz<br />
Que eu seja o amor<br />
Que interfere na sua felicidade<br />
Que eu seja o amor<br />
Com o qual tem sonhado<br />
Que esse amor seja imenso<br />
Que ocupe o seu universo<br />
Que aquilo que tanto procuras<br />
Seja eu<br />
Esse amor.<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 02.04.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-71072748864075544132011-10-14T14:56:00.001-07:002011-10-14T14:56:25.395-07:00De Braços AbertosDoar é bom<br />
Com alegria é contagiante<br />
Ser bardo é algo que engrandece<br />
Uma verdade<br />
Substitui a outra<br />
Enquanto o gesto<br />
O carinho<br />
O apego<br />
Ajudam a dizer te amo.<br />
Que lindos olhos<br />
Acompanham minhas desculpas<br />
O amor nasce<br />
Ou até<br />
A primeira teclada<br />
A virtualidade vai ao coração.<br />
Abre-o para receber<br />
Até mesmo as armas<br />
Os atos<br />
As palavras<br />
Que ferem.<br />
O pensamento voa<br />
E a fala é pausada<br />
Para a compreensão.<br />
Ah, a compreensão é mãe<br />
De todos.<br />
Imagens<br />
Lindas imagens<br />
Deixam nosso coração tranqüilo<br />
Incentiva os sonhos<br />
De olhos<br />
E braços<br />
Abertos.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 10.03.2008.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-27705643683341527302011-10-14T14:55:00.001-07:002011-10-14T14:55:21.187-07:00Deusa de Além MarA quantas ondas eu vou<br />
Nesse mar revolto<br />
Louvar minha deusa<br />
De além mar<br />
<br />
<br />
Que o bandolim não desafine<br />
Que a voz não me falte<br />
Pra cantar minha deusa <br />
De além mar<br />
<br />
<br />
Que o corpo esteja quente<br />
Que os braços sejam longos<br />
Para aconchegar minha deusa<br />
De além mar.<br />
<br />
<br />
Que os desejos sejam firmes<br />
Que a boca esteja ávida<br />
Para oscular minha deusa<br />
De além mar.<br />
<br />
<br />
Que a vida seja longa<br />
Que o amor seja eterno<br />
Pra ser feliz com minha deusa<br />
De além amar.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
Porto Alegre, 01.06.2007.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-10438017904946664702011-10-14T14:54:00.001-07:002011-10-14T14:54:11.925-07:00Rosas para VocêRosas vermelhas<br />
Receba-as<br />
Foi um pedido<br />
Do meu coração.<br />
<br />
<br />
A mensagem enviada<br />
Era um código<br />
De amor<br />
Meu cérebro não decifrou<br />
Apenas sentiu.<br />
<br />
<br />
Nessas rosas<br />
Vermelhas como o coração<br />
Da cor do amor<br />
Está a mensagem<br />
Que você lê<br />
Nos meus olhos<br />
Receba-as.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 22.05.2008Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-604071285738447032011-10-14T14:53:00.001-07:002011-10-14T14:53:06.050-07:00EncantoQuero um poema<br />
romântico<br />
de amor.<br />
<br />
<br />
Um poema pra dizer<br />
que a sua amizade<br />
me faz bem.<br />
<br />
<br />
Que sou um ser humano <br />
e como todos<br />
ou pelo menos<br />
os normais<br />
sou sensível<br />
como um gato<br />
onde me dão carinho<br />
ali fico.<br />
<br />
<br />
Quero um poema<br />
pra dizer<br />
que amizade virtual<br />
é muito bom<br />
mas a realidade<br />
é que faz o coração<br />
bater mais forte.<br />
<br />
<br />
Quero um poema<br />
pra dizer<br />
que quero vibrar<br />
ao seu toque<br />
viver um pouco<br />
dessa energia<br />
que vem de você.<br />
deixar crescer<br />
tudo aquilo<br />
que damos vazão<br />
em nossos sentimentos.<br />
<br />
<br />
Que exploda<br />
a nossa felicidade<br />
transformando-se em gotinhas<br />
e que cada gotinha<br />
ao cair sobre outro ser<br />
produza no mesmo<br />
o encanto da felicidade.<br />
<br />
<br />
Quero um poema<br />
pra dizer<br />
que sou feliz<br />
por você existir<br />
e ser minha amiga.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 14.05.08.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-16006335930592461312011-10-14T14:51:00.000-07:002011-10-14T14:51:28.992-07:00100 palavras.Felicidade<br />
<br />
<br />
Mora longe. Do outro lado da cidade. Dorme no ônibus sempre à tarde. A noite tem compromissos. Sérios. É a sobrevivência. Quando todos ou a maioria caminha de volta para casa, ela vai trabalhar. Trabalha com prazer. Satisfaz aos parceiros. Cuida da vida. Bem. Dela e do filho que o pai abandonou. A casa é nobre e bela. A causa também. A profissão é antiga. Dizem a mais idosa. Se cuida. Preserva-se. Ama. Ama essa vida embora normalmente seja solitária. As segundas, dia de folga, passeia com o filho. Janta fora em ambiente modesto, mas com qualidade. É feliz.<br />
<br />
<br />
100 palavras foi uma promoção da Revista da Folha www.folha.com.br/revista<br />
revista@folha.com.br através da Editora: Lulie Macedo. Eu não participei, mas fiz um exercício caseiro aproveitando o mote.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-85172763519032866102011-10-14T14:48:00.001-07:002011-10-14T14:48:52.757-07:00Artigos da MalaUm dia acreditei<br />
que você queria<br />
que me fosse<br />
sumisse de sua vida.<br />
Lá estavam os sonhos<br />
hoje após esses anos<br />
olho nos seus olhos<br />
e reconheço<br />
guardo na mala<br />
arrependimentos.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 14.07.07.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-89293891477971960692011-10-14T14:47:00.000-07:002011-10-14T14:47:44.481-07:00ViverAo Beto <br />
(Humberto Pinheiro um grande amigo ator, poeta, dramaturgo, produtor teatral, desaparecido desse mundo por causa das drogas)<br />
<br />
<br />
Riscar as paredes da vida <br />
faz parte do todo <br />
dia-a-dia marcando <br />
o compasso das horas <br />
rupestre <br />
busco o futuro <br />
meu bisão é ouro <br />
é tri. <br />
<br />
<br />
Riscar as paredes da vida <br />
faz parte do sonho <br />
dia-a-dia tramando <br />
as realizações <br />
breve virão <br />
serão belas <br />
como o frio no inverno.<br />
<br />
<br />
Riscar as paredes da vida <br />
é ser feliz <br />
ou saudoso <br />
do tempo do amor que passou <br />
como um sonho <br />
o som dos pássaros <br />
minha trilha.<br />
<br />
<br />
Riscar as paredes <br />
é existir <br />
resistir<br />
Viver.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
Porto Alegre, 24.07.05.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-51680927814575689402011-10-14T14:44:00.001-07:002011-10-14T14:44:49.138-07:00Pífia LiberdadeA liberdade que me deste <br />
parece vitória <br />
pífia <br />
os campos <br />
os vales <br />
as montanhas <br />
estão cheios. <br />
De saudades morro a cada dia. <br />
As flores crescem <br />
na ausência do floricultor.<br />
A intransigência turva <br />
a luz é para todos.<br />
A liberdade que buscava <br />
era meio <br />
o futuro é a união.<br />
Floricultores <br />
nós e as flores <br />
e os frutos <br />
num único banquete <br />
com liberdade.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
São Paulo, 06.10.07Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-75098911573375671892011-10-14T14:42:00.000-07:002011-10-14T14:42:41.661-07:00A Volta(“Sou como soca de cana: não adianta me cortar <br />
que nasço de novo”. – de um poeta nordestino cujo <br />
nome não me lembro)<br />
<br />
<br />
Vou a Natal <br />
após 25 de dezembro. <br />
Nada levo na bagagem <br />
assim como não espero <br />
encontrar nada <br />
nem ninguém <br />
a minha espera. <br />
<br />
<br />
Vou a Natal <br />
já sinto o cansaço antecipado <br />
das muitas andanças <br />
pelas ruas que passei <br />
quando guri.<br />
<br />
<br />
Vou a Natal <br />
cheio de saudades... <br />
ou seria ansiedade? <br />
Será que ainda é possível <br />
caminhar as madrugadas nas praias?<br />
<br />
<br />
Vou a Natal <br />
A saudade que sinto <br />
não é do passado <br />
é do hoje <br />
é da vida.<br />
<br />
<br />
Vou a Natal <br />
marcar minha vivência<br />
no diário<br />
a família <br />
em grande porcentagem <br />
posta sob a terra.<br />
<br />
<br />
Vou a Natal <br />
buscar esperanças <br />
na cidade <br />
rever a árvore <br />
que plantaram <br />
em minha homenagem <br />
em fronduzura.<br />
<br />
<br />
Vou a Natal <br />
sonhando convites <br />
vivas e comemorações <br />
sede para ceder <br />
as tentativas de ficar.<br />
<br />
<br />
Geraldo Potiguar do Nascimento<br />
Porto Alegre, 11.11.05.Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-42788111517830990782009-10-31T00:25:00.000-07:002009-10-31T00:25:05.726-07:00Confissões - Ser poeta é confessar-se.: Loira "assombra" a Uniban#comment-form#comment-form<a href="http://luizdejesus.blogspot.com/2009/10/loira-assombra-uniban.html#comment-form">Confissões - Ser poeta é confessar-se.: Loira "assombra" a Uniban#comment-form#comment-form</a>Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-37333032568400497522009-09-18T14:34:00.000-07:002010-08-11T11:52:13.597-07:00ENCONTRÃO NA RUA DA PRAIA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcp2uA_K0DpoIYulrkLxge3lh8EJTrLWvZU_o_P8NloYMWldrPUfK8Iqj78SQduApWMZKAWAlhoZA13CDoAZYIUTJocvkPTtWwy6WoL_G7_0gpuJ3OPHMQGd8Kg22GbfgkZdZW54dpEFhY/s1600/DCP_11118.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcp2uA_K0DpoIYulrkLxge3lh8EJTrLWvZU_o_P8NloYMWldrPUfK8Iqj78SQduApWMZKAWAlhoZA13CDoAZYIUTJocvkPTtWwy6WoL_G7_0gpuJ3OPHMQGd8Kg22GbfgkZdZW54dpEFhY/s320/DCP_11118.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5504225186203885522" /></a><br /><div id=":4q" class="ii gt">Geraldo Potiguar do Nascimento<br /><br /> Eu e a Fabiana nos conhecemos através de um <span>encontrão</span>. Eu sei que é uma forma bastante esquisita de duas pessoas se conhecerem, mas foi. Um encontrão <span>na</span> <span>Rua</span> <span>da</span> <span>Praia</span>. <span>Rua</span> <span>da</span> <span>praia</span>, <span>na </span>realidade, é uma <span>rua</span> que não existe. É a <span>rua</span> mais famosa dos gaúchos, mas é uma <span>rua</span> que não existe. A <span>Rua</span> <span>da</span> <span>Praia</span> não existe desde o século dezenove. Apesar de sua "inexistência", todo gaúcho sabe onde é a <span>Rua</span> <span>da</span> <span>Praia</span>. E não só os gaúchos: por causa <span>da </span>"esquina democrática", que é a esquina <span>da</span> <span>Rua</span> dos Andradas com a Borges de Medeiros, essa <span>rua</span> é conhecida em todos os cantos do nosso país e até no exterior. Mesmo quem nunca veio aqui no Rio Grande do Sul já ouviu falar <span>da</span> "<span>rua</span> <span>da</span> <span>praia</span>".<br /> Eu e a Fabiana tivemos ou cometemos um <span>encontrão</span> <span>na</span> <span>Rua</span> dos Andradas, nome oficial <span>da</span> <span>rua</span> <span>da</span> <span>praia</span> e em questão de minutos lá estávamos lado a lado em banquinhos, numa daquelas lancherias dalí <span>da</span> <span>rua</span>, dividindo um refrigerante,<br />apesar do frio do inverno, em bora os raios do sol insistissem em se manter clareando o dia, ou melhor: a tarde. A nossa tarde.<br /> Minha mais nova amiga faz "História" <span>na</span> ULBRA (Universidade Luterana Brasileira - Canoas/RS), de Canoas, <span>na</span> região metropolitana de Porto Alegre, é uma empresária de uma pequena empresa <span>na</span> área de comunicação e garante que por dever de ofício vai a Universidade de Passo Fundo participar <span>da </span>Décima Jornada Nacional de Literatura.<br /> A nossa conversa gira por vários assuntos: <span>rua</span> <span>da</span> <span>praia</span>, como não podia faltar; democracia; Rio Grande do Sul; Brasil e o Nordeste, dentre outros, já que sou um nordestino "perdido" aqui nessas terras dos pampas. Falamos de outros assuntos e em seguida descambamos para temas interligados como: amor, sedução, traição e solidão. Observações não faltaram em nossa cavaquiação. Falamos <span>da</span> mídia, contamos piadas, lembramos como as piadas contadas, que também fazem parte <span>da</span> mídia, minimizam a importância <span>da</span> mulher no processo histórico de transformação <span>da</span> sociedade.<br /> Lembramos as páginas e mais páginas que existem <span>na</span> internet fazendo "gracinhas" com as mulheres e... <span>na</span> continuação colocamos em evidência as "galhofas" que existem "contra" os homens transformando a nossa mídia numa verdadeira "guerra dos sexos". Pérolas como: "os homens são iguais a pão de forma ou pão de sanduíche, como queiram: são quadrados, fáceis de dobrar e se desmancham com facilidade". Ou aquela que diz que: "os homens são iguais caracois: pegajosos, gosmentos e acreditam que a casa é deles".<br /> Apesar de estar conversando com uma futura historiadora, não falamos muito sobre a morte do diplomata Sérgio Vieira de Melo, assassinado no Iraque onde representava a ONU (Organização das <span>Na</span>ções Unidas) e tentava normalizar a vida do povo no pós-guerra e as conseqüências desse acontecimento para a paz mundial. Não falamos sobre o interminável conflito árabes/judeus. Não comentamos sobre estes primeiros meses do Governo Lula, nem falamos <span>da </span>tentativa do ator Arnold Schwarzenegger em governar o estado <span>da</span> Califórnia.<br /> Lembramos de Obirici(1), a lenda histórica <span>da</span> índia rejeitada que teve suas lágrimas transformadas em rios que terminam formando a baía do Guaíba que banha a cidade de Porto Alegre. Dessa lenda pulamos para um acontecimento real ocorrido <span>na</span> zona sul <span>da</span> capital dos gaúchos, ao lado do arroio Passo Fundo: "Gislene,negra linda, passista dos "Bambas",<br />namorava Dino, componente <span>da</span> bateria <span>da</span> mesma agremiação. Ao saber que o seu amado 'dividia' os seus prazeres com outra 'pretendente' tomou uma decisão: poria fim a tudo. Chico Dé, escoador de confiança <span>da </span>droga <span>da</span> região foi quem bancou o empréstimo do trabuco".<br /> <span>Na</span> hora indicada, porta do colégio, lá estava Dino e Claudia, conhecida "de vista" de Gislene trocando ósculos e amplexos". "Dois estampidos chamaram a atenção dos transeuntes que não observavam, até aquele momento, a balbúrdia, tão comum <span>na</span> saí<span>da</span> dos discentes. "Dois tiros. Dois mortos: Dino de vinte e um anos e Claudia de dezesseis".<br /> O desespero estava estampado nos olhos de Gislene. Seu amor havia morrido; e pelas mãos dela. Sera ainda julgada por outro crime premeditado e executado. Não resistiu a pressão interna. Seus neurônios não a deixaram em paz. Várias opções foram sugeridas por parentes e amigos: mudança de endereço, indo viver com uma tia numa pequena cidade do interior; entrar no Movimento dos Sem Terra; trabalhar como palhaça, trapezista ou qualquer outra modalidade num circo mambembe e outros. Seu pai, separado de sua mãe, entrou <span>na</span> história. Sugeriu uma saí<span>da</span> honrosa se é que para uma situação como esta a opção é válida.<br /> A idéia do velho seria procurar um bom advogado e se entregar <span>na</span> primeira hora. Ré primária, com bom comportamento, atenuantes, etc, cumpriria no máximo um terço <span>da</span> pena o que poderia, com sursis, ficar em liberdade cumprindo apenas formalidades de apoio comunitário.<br /> Gislene resistiu. Resistiu a todas as opções e pressões. Mas como dizem os mais velhos: "do destino não se foge".<br /> Quem saiu naquele fatídico dia de agosto encontrou o corpo de uma bela jovem, gestante, de dezoito anos dentro do Arroio Passo Fundo. Seu sangue verteu à vontade e seguiu o rumo do arroio transformando as, normalmente claras, águas <span>da</span> baía do Guaíba.<br /> Fabiana pensa. Franze a testa. Arruma os cabelos de cachinhos castanhos e pintura descolorando descobrindo o preto do natural. Comenta a lenda de Obirici (a índia). Pensa mais um pouco e por fim, volta ao diálogo. Fala das fatalidades dos dias de hoje e <span>da</span> desvalorização <span>da</span> vida. Comenta a "rigidez" no pensar dos adolescentes. O conservadorismo <span>na</span> "educação dirigida aos homens" e muitos outros assuntos que passam muitas vezes longe do "saber acadêmico".<br /> O <span>Encontrão</span> <span>na</span> <span>Rua</span> <span>da</span> <span>Praia</span>... ou será <span>Rua</span> dos Andradas? Ou as duas cognominações valem ? Os assuntos variados, as piadas, a lenda de Obirici e a cruel realidade principalmente das periferias das grandes cidades deixaram a minha mais nova amiga meio atordoada. Adolescente, vinte e dois anos, acadêmica, segue Fabiana sem entender, o quanto gostaria, o nosso mundo. No seu íntimo, desejava que fosse diferente. Que o amor fosse a chave de tudo, afinal, o amor é lindo. E fácil. É muito fácil amar. Assim como um <span>encontrão</span> <span>na</span> <span>rua</span> <span>da</span> <span>praia</span>.<br /><br />Copyright © 2003 by Geraldo Potiguar do Nascimento -<br />Todos os direitos reservados.<br /><br /><br /><br /><br /> (1)As lágrimas de Obirici<br /><br /> A origem dos nomes das maiorias dos bairros que formam a capital gaúcha se perde no tempo. Em muitos casos já nem há vestígios dos elementos que serviram para que recebessem a denominação pela qual são identificados até os dias de hoje. è assim com o passo <span>da</span> Areia, tradicional bairro localizado <span>na</span> zona norte de Porto Alegre. A areia já se foi há muito tempo. Aquela área <span>da</span> cidade está toda urbanizada. O passo, até resistiu, mas não faz muito tempo também deixou de existir. Antigamente, quando índios ainda habitavam a região, era um riachinho chamado por eles de Ibicuiretã, que significa " rio de areia ", " água que corre sobre pó " ou ainda " passo <span>da</span> areia ". Brotava <span>na</span> baixada <span>da</span> Boa Vista e seu leito sinuoso passava pelo meio <span>da</span> areal.<br /> Com a urbanização, o passo foi canalizado e virou um valão. Suas águas tornaram-se sujas e barrentas e atravessavam o bairro espalhando mau cheiro. Com certo alívio, os moradores locais viram o córrego ser aterrado no início dos anos 80, quando ali começou a construção de um shopping center.<br /> Apesar deste fim um tanto melancólico, a origem do Ibicuiretã está ligada a uma linda história de amor. Quando um homem branco sequer tinha pisado naqueles areais, ali se instalara uma tribo tapi-mirim, <span>da</span> <span>na</span>ção dos tapes. Espremidos entre o Guaíba e morros, volta e meia precisavam defender sua taba com paus, pedras, lanças, arco e flecha de ataques de tribos inimigas. Os tapi-mirins viviam em permanente alerta.<br /> E como não tinham cacique, eram comandados por um chefe guerreiro. Se esse chefe adoecia, envelhecia ou morria, cabia ao conselho de anciãos escolher um novo líder para as batalhas que viriam.<br /> Depois de eleito, o chefe, geralmente jovem e solteiro, começava a despertar a<br />atenção das índias solteiras. Aquele que até outro dia era apenas mais um entre os seus, se convertia em um abençoado de Tupã, um escolhido dos deuses. E, assim, suscitava uma disputa entre as donzelas <span>da</span> aldeia. Todas passavam a usar seus enfeites mais bonitos, suas tintas mais coloridas, seus perfumes mais cheirosos. Tudo para conquistar o coração do agora poderoso guerreiro. Mas com Obirici, uma linda jovem daquela tribo, os sentimentos não funcionavam deste jeito. Desde curumim ela nutria amor por um único índio.<br />Nunca havia confessado sua paixão, no entanto. Amava em segredo, em silêncio, sozinha.<br /> Quis o destino que o índio por quem ela era apaixonada fosse escolhido o chefe<br />guerreiro dos tupi-mirins. Obirici pensou, então, que chegara o momento para se declarar:<br />- Grande chefe, estou aqui para dizer que te amo. Quero ser tua esposa, passar a vida ao teu lado.<br />- Tu és a única a declarar amor por mim, Obirici.<br />- Outra índia se apresentou como tua pretendente ?<br />- Sim, ela diz me amar como ninguém mais me amaria.<br />- Mas eu te amo tanto quanto ela, mais até. E desde sempre. Desde que soube o que era amar alguém ...<br />- Eu acredito, Obirici, mas estou indeciso.<br /> Diante do tímido amor de sempre e <span>da</span> paixão repentina, o índio não soube o que fazer. Foram dias tristes para Obirici. Passou noites em claro, chorando, soluçando, odiando amar. Como o novo chefe não chegava a uma decisão, ele próprio pediu ao sábio conselho de anciãos estabelecesse uma solução para o impasse. Assim foi feito: as duas pretendentes disputariam um torneio de arco e flecha. A vencedora seria a mulher do chefe guerreiro.<br /> No dia do desafio, toda a tribo reuniu-se para assistir o grande acontecimento. Nunca a disputa para ser a esposa do chefe tinha chegado tão longe. Muitos repararam que Obirici demonstrava estar muito nervosa, enquanto que a concorrente parecia ganhar confiança com toda aquela gente como assistência. Obirici transbordava insegurança. Tremia seu arco, tremia sua flecha, tremia seu braço, suas pernas, seu corpo todo. O mundo tremia em seu redor. Suas flechas atingiam o alvo sem muita convicção, como se tivessem desistido do vôo no meio do caminho.<br /> A outra índia parecia mais afetiva ao arco e à flecha. Seus disparos eram precisos, fulminantes, certeiros. Cada flecha sua que acertava o alvo era como se acertasse também o coração de Obirici. Aos poucos sua vitória foi se tornando evidente. Perdeu Obirici. Perdeu a batalha, perdeu seu amado, perdeu a razão. Enclauzurada em sua oca, só fazia chorar. Não comia, não bebia, não dormia, quase esquecia até de respirar. No dia do casamento do homem que havia rejeitado seu amor, não aguentou de sofrimento. Saiu <span>da</span> aldeia correndo, em prantos, para longe, em direção a um ponto mais alto do areal.<br /> Era noite de lua cheia, e para lua Obirici chorou. Era noite estrelada, e para as<br />estrelas Obirici chorou, uma lágrima para cada ponto brilhante do céu. Chorou tanto que sua face aos poucos foi se convertendo em lágrimas, seu corpo todo se<br />transformando, se desmanchando, se desfazendo. Obirici virou suas lágrimas, e suas lágrimas viraram um riacho, que foi fazendo seu caminho pela areia até chegar à aldeia. Primeiro assustados, depois consternados, os tapi-mirins perceberam que o rio eram as lágrimas de sofrimento de Obirici. Chamaram o arroio de Ibicuiretã, e os açorianos quando aqui chegaram o rebatizaram de Passo <span>da</span> Areia, que deu nome ao bairro.<br /> Não há mais areia, não há mais passo, mas Obirici ainda existe. Próximo ao viaduto que leva o seu nome e que se ergue sobre a avenida Assis Brasil, a índia está imortalizada em uma escultura, com os braços para o céu, pedindo um alento à Tupã.<br /><br /><br /><br /><br /> Nota: Este texto sobre a lenda de Obirici foi tirado <span>da</span> internet. Há outros textos, poemas, crônicas sobre o assunto.<br /><span><br /></span> </div><img class="mL" src="http://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif" alt="" />Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-80408215966512868332009-08-03T20:39:00.000-07:002010-08-11T12:22:58.365-07:00A História Preconceituosa da Àfrica<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Lwai8ud8FG_JTVZPbMGICXEqRKXuR3RgGs3x4HMlfqwpk8gWn_ZIY0FvYMQ36hS0FMJz5Pj5cG1KtDTnb493IAFcrlSeLpNzXGpPgLiLQ3a4px7GSasFxPILHSYRVZ43di0dmVByddSL/s1600/A+%C3%81frica+est%C3%A1+em+N%C3%B3s.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 180px; height: 180px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Lwai8ud8FG_JTVZPbMGICXEqRKXuR3RgGs3x4HMlfqwpk8gWn_ZIY0FvYMQ36hS0FMJz5Pj5cG1KtDTnb493IAFcrlSeLpNzXGpPgLiLQ3a4px7GSasFxPILHSYRVZ43di0dmVByddSL/s320/A+%C3%81frica+est%C3%A1+em+N%C3%B3s.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5504234879867334914" /></a><br />Crítica ao livro:<br />"A África Está em Nós"<br />História e Cultura Afro-Brasileira<br />Primeiro Volume<br />Autor: Roberto Benjamim<br />(Roberto Emerson Câmara Benjamim)<br />Editora Grafset Ltda.<br /><br />Infelizmente acabei de ler agora no mês de agosto/2006 o livro "A África Está em Nós" de Roberto Benjamim, publicado pela editora Grafset em 2004. Digo infelizmente porque gostaria de ter lido muito antes e é uma pena que somente agora chegou as minhas mãos. Esse livro até onde tenho conhecimento, por falta de outro, e não sei se o Ministério da Educação através de seus departamentos já adotou algum livro didático que sirva de baliza para execução na prática as determinações da Lei Federal, está sendo "adotado" por alguns professores, principalmente de História, cheios de boas intenções, para "orientar" os seus alunos com relação a História da África.<br /><br />Achei oportuno o lançamento do livro. Acredito ter sido um dos primeiros livros, se não o primeiro de que tomo conhecimento de abordar o assunto com essa diversidade, logo após a publicação da Lei Federal 10.639/03. Fico surpreso com a bibliografia utilizada mas desagrada-me o resultado. Observo que a linguagem do professor Benjamim é eivada de preconceitos. Como militante do Movimento Negro e dos Direitos Humanos estamos acostumados; não estou querendo justificar que é algo bom e que tranqüilamente faz parte do nosso dia-à-dia já que com certeza também nos acostumamos a nos reservarmos e preservarmos dos acontecimentos que têm o intuito de nos maltratar. Isso que escrevo como costume poderia ser colocado como uma espécie de exército de reserva a semelhança de nossa defesa interna através dos anticorpos ou/e até a nossa defesa externa dos animais peçonhentos.<br /><br />Já na página 20 do referido livro o autor, no "ponto 1.3 - Denominações afro-brasileiras", no item quarto, pela ordem, denominado EWE, decorre o texto escrevendo: EWE - 1. Povo da África Ocidental (que hoje habita o Benin, o Togo e Gana), de onde procederam escravos para o Brasil...". Parece-me que o autor, que também é advogado, com a sua linguagem "coloquial" de escritor, branco, conservador, racista e sem nenhum compromisso com a mudança; indigno de ser considerado parceiro já que temos inúmeros intelectuais brancos e de outras etnias que são verdadeiramente parceiros, não busca novos horizontes no universo da educação brasileira pregado pela "regulamentação da Lei Federal 10.639 de 09 de janeiro de 2003", através das "Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana" aprovado pelo Conselho Nacional de Educação em 10 de Março de 2004.<br /><br />Na sua linguagem racista, preconceituosa e discriminatória, o autor usa a palavra escravo como adjetivo pátrio fazendo-se presumir que exista um país denominado "escravolândia" ou algo parecido. Benjamim segue a linguagem da maioria da imprensa e/ou de educadores diretos e indiretos liderada pelo Sistema Globo de Comunicação (vide discussão em torno de outro livro, o Não Somos Racistas de Ali Kamel, diretor executivo da Rede Globo), que planeja e põe no ar no seu jornal de maior audiência manchete como a que ouvimos a poucos dias passados: "Dia de festa para descendentes de escravos".<br /><br />No livro inteiro o Senhor Benjamim nada faz para mudar essa linguagem racista, discriminatória e preconceituosa criada, difundida e conservada pelos seus antepassados, citando várias vezes que determinados países ou regiões da África era de onde vinham os "escravos". Linguagem essa que cada vez mais ajudam a perpetuar a imagem do negro subserviente e fraco e que pelo seu passado de descendente de "escravos" obviamente jamais poderá galgar altos postos neste país.<br /><br />É necessário deixar nítido para o Sr. Benjamim e outros racistas de plantão que, se existe um povo descendente de "escravos!" existe também um povo descendente de escravisadores. Um povo que tratava outro povo como coisa, animal; que assassinava ao "bel prazer" aqueles seres que não correspondiam as suas (deles) expectativas; que estupravam as negras para encobrir fracassos sexuais de seus casamentos forjados assim como as doenças e/ou a frigidez de suas esposas. Este senhor acha que é isso que a escola brasileira deve continuar ensinando? É com base nessa educação, eurocêntrica, discriminatória, preconceituosa e racista que devemos abordar a história de nossos antepassados? Senhor Benjamim e demais seguidores, nós negros e negras não somos descendentes de escravos! Somos descendentes de africanos que por um determinado período fomos escravizados. A escravidão não nasceu com os negros e negras africanos (as) como o senhor com certeza é sabedor já que tem muito mais informações do que eu. Uma pessoa do quilate desse senhor quando intencionalmente escreve desta forma em um livro que se pretendia didático tem o objetivo claro (como os senhores adoram falar), de manter cada vez mais os negros e negras distantes de uma auto estima impedindo-os de uma libertação da consciência desse povo.<br /><br />Nesse livro, ainda com relação a religiosidade do povo afro-brasileiro o autor não age como um cientista mas sim como uma pessoa mais uma vez preconceituosa e a serviço da igreja católica, como nos tempos da inquisição maldita. Distorce informações sobre as religiões de matriz africana, desinforma e colabora com o atraso para que os dados verídicos sobre as religiões trazidas de além mar não sejam difundidos de uma forma mais ampla.Na abordagem internacional o autor perdeu a oportunidade de informar aos leitores/alunos do seu livro como se deu a divisão do continente africano. Há na página 91 do supra citado um pequeno gráfico que "orienta" aos alunos/leitores e como bom descendente de colonizadores o autor foge dos fatos sem deixar nítidas as condições políticas e históricas em que e como que aconteceu a invasão do "continente negro".<br /><br />Não é por falta de informações pois na relação bibliográfica colocada no final do livro, que presumo que o autor tenha lido, há inúmeros livros verdadeiramente documentais que colaboram para que se tenha uma gama de informações capazes de reforçar um relato científico de como aconteceu. Na abordagem nacional há desprezo da parte do autor por todas as batalhas de transformações e mudanças neste país onde negros e negras estiveram presentes junto com todas as etnias e em grande quantidade. Só para ilustrar esta afirmativa, neste livro não há nenhuma informação a respeito da participação nas luta do povo negro do sul do país nas revoluções e guerras acontecidas principalmente nos pampas gaúchos, a partir do Rio Grande do Sul, estados e países vizinhos com vastos relatos em livros e documentos publicados/divulgados no Brasil e fora dele.<br /><br />O autor, Roberto Emerson Câmara Benjamim apesar de ter perdido a grande oportunidade de se passar como um parceiros nas lutas pela emancipação (de fato) do povo negro e seus descendentes, age como proxeneta da cultura negra por alguns caraminguás pois tenta a todo custo preservar as "conquistas" de seu povo que este sim, levam e levarão sempre a pecha de terem escravizado um povo que como está escrito também em seu livro (não foi possível nesse ponto mascarar a verdade), muitos deles, reis e rainhas; príncipes e princesas. Se nós somos descendentes de "escravos" como afirmam este senhor e os meios de comunicação do nosso país, os senhores são descendentes dos escravisadores, estupradores de negros e negras oriundas da África. Exterminadores de um povo. Provocadores do genocídio do povo negro.<br /><br />Os negros e negras nunca concordaram com a sua condição de escravos e hoje nós os afro-brasileiros não concordamos de maneira nenhuma com a escravização de consciências impostas por pessoas que, paradas no tempo, acreditam ainda serem os nossos tutores dominando a mídia e os organismos de educação formal e/ou informal impondo seus ditames de forma "moderna" e oportunista através do compadrio, contubérnio, insensamento daqueles que ocupam o poder. Estamos e vamos continuar atentos.<br /><br />GERALDO POTIGUAR DO NASCIMENTO é militante do movimento há mais de 30 anos. Em 1978 junto com outros militantes, organizou a partir de São Paulo o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial – o MNU; em 1991 ajudou a fundar "oficialmente" a União de Negros pela Liberdade – UNEGRO; em 1992 organizou a “posse” de “hip hop” Identidade Negra na região da Vila Nova Cachoeirinha – Zona Norte de São Paulo. Há 5 anos Potiguar viaja por várias cidades do nosso país com a palestra/debate: “A Participação do Povo Negro na História do Brasil” e elabora o livro: “Tudo que Você gostaria de Perguntar sobre a Raça Negra e não tinha tido oportunidade”. Atua atualmente no AFRHUM - Instituto Pedagógico para o Crescimento, Fortalecimento e Valorização da Cultura, do Viver Afro-Brasileiro e os Direitos Humanos<br />Contatos: E mail's: <a href="mailto:geponas@gmail.com" ymailto="mailto:geponas@gmail.com">geponas@gmail.com</a><br /><a href="mailto:kimbira@yahoo.com.br" ymailto="mailto:kimbira@yahoo.com.br">kimbira@yahoo.com.br</a><br />AFRHUM - <a href="http://br.mc321.mail.yahoo.com/mc/compose?to=afrhum@gmail.com" ymailto="mailto:afrhum@gmail.com">afrhum@gmail.com</a>Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5789158295265127874.post-24659051390370816632009-06-29T14:32:00.001-07:002010-08-11T12:39:23.863-07:00O Corredor do Amor<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqRNDoDKaOrBv0QHLxSF3NFWF0huz_nUyKJQ0Sh3Zpi72SoIibLW2H-GHEoBfMEbgvskJV0bRFOxOUyYbk0c28W1y_JGTHBNZWeoWkWdB8dMTOYgiDwZE0yc7ZrfN-eld7UvfWQaf5fygq/s1600/O+Corredor+do+Amor.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 251px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqRNDoDKaOrBv0QHLxSF3NFWF0huz_nUyKJQ0Sh3Zpi72SoIibLW2H-GHEoBfMEbgvskJV0bRFOxOUyYbk0c28W1y_JGTHBNZWeoWkWdB8dMTOYgiDwZE0yc7ZrfN-eld7UvfWQaf5fygq/s320/O+Corredor+do+Amor.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5504239077036268866" /></a><br />Já ouvi falar de vários lugares onde se proclamam a terra do amor. Dizem que Paris é uma cidade que favorece este acontecimento. A torre Eiffel. A avenida Camps Eliseé. A avenida St Germain onde era possível encontrar Jean-Paul Sartre trocando carinhos apaixonados com a "sua" Simone de Beauvois dão o clima. Outros lembram do Rio de Janeiro com suas praias e ruas celebrizadas pelas estórias de amor das novelas.<br /><br />As praias ou as cidades praianas no sul de Santa Catarina, principalmente no verão, se é que no verão dá pra se dar ênfase ao amor. Para os bons apreciadores dos romances amorosos o melhor momento para o amor é o inverno com chuvas. O tempo nublado e a névoa fazendo parte do cenário. Como dizia, as praias do sul catarinense ou as do nordeste do país são super cogitadas para uma estadia pelos casais apaixonados.<br /><br />Há anos passados o bloco Olodum da Bahia depositou todas as honras a ilha de Madagascar, dando vivas a afrodisíaca ilha do amor. Isso pra quem pode. Virando os olhos para a África, lembro-me do Fernando I, "o rei destronado do Brasil" e agora colocado de volta no Congresso Nacional, que se aconchegou com a sua cara-metade de plantão, a Rosane, assim que foi eleito, nas ilhas Seicheles, um verdadeiro paraíso para o amor.<br /><br />Tudo isso são viagens. Como observador dos costumes e da tradição do povo gaúcho, fico aqui em Porto Alegre. Fico mais precisamente na Rua da Praia. Essa rua é o grande guarda-chuva ou guarda-sombra para os dias de verão intenso. Considero a rua mais querida ou mais lembrada dos porto alegrenses. É o corredor do amor. Amor para todos os tipos. Todas as necessidades. Todos os gostos. Amor para chamego. Amor para as ninfetas. Amor para as mariposas dos dias e das noites. Amor à moda antiga. E por aí vai. É muito comum ver casais de namorados caminhando por essa via. As vezes saboreando um churrasquinho daqueles assados ali no carrinho da esquina. Degustando um churro, não sei porquê um hábito quase que unicamente feminino. Tomando um sorvete ou sentados às mesas que se proliferam a partir da praça da Alfândega em direção a prainha do Gasômetro.<br /><br />As salas de cinema e/ou de teatro da Casa de Cultura Mário Quintana por sua seleção primorosa e diferenciada de filmes e peças atraem os jovens enamorados e muitos daqueles que fazem profissão de fé que o amor não tem idade. Um dia desses fui lá numa dessas salas assistir um dos filmes mais recentes do diretor italiano Bernardo Bertolucci: "Os Sonhadores" e... por um motivo qualquer, acenderam as luzes. Percebi que era o único solitário naquele recinto. Não me incomodei com tal situação: fui lá para conhecer um dos mais recentes trabalhos do mestre e apenas observei o detalhe.<br /><br />O filme mostra o amor entre dois rapazes e uma garota. O cantado e decantado triângulo amoroso. Achei-o bom. Na saída dos casais, e como nós que escrevemos somos extremos observadores, parei os olhos na capa de um livro que uma das moças, que também estava acompanhada, transportava sob o braço. O título é: "Amestrando Orgasmos". Confesso que não li o tal escrito do jornalista Rui Castro. O transporte do mesmo ali na porta me confirma o título dessa crônica. Algo assim que poderia ser substituído por: "manual prático do amor". Espero que o tal livro tenha algo importante para ensinar e que o casal realmente aprenda.<br /><br />No dia dos namorados agora passado as salas de cinemas programaram, dentre outros, dois filmes, um italiano e outro chinês. Ambos tinham amor no título e conseqüentemente no enredo. Da Itália veio: "Manual do Amor" e da China: "2046, Os Segredos do Amor. A "escalação" desses filmes são semelhantes a complementos alimentares. O objetivo é reforçar o amor. Ultimamente está programado para breve, um filme romântico: "A Casa do Lago". Este filme é americano com os atores Keanu Reeves e Sandra Bullock nos principais papéis. Como carro chefe da divulgação e marketing eles escolheram a frase: "É possível amar alguém que você nunca viu?". Acredito que muitos transeuntes dessa linda rua tem uma resposta afirmativa.<br /><br />Tive meus dias de glória ou de sorte quando a Leo atravessou o país para vir me ver. A jovem quadragenária e eu passeamos muito, como não poderia deixar de ser, ali pela Rua da Praia. Era a nossa via principal que adorava. Por opção de nossa moradia provisória e a orla do Guaíba passávamos sempre por ali. De vez em quando entrávamos no centro de compras. Vez por outra parávamos num daqueles restaurantes para o nosso bom carreteiro de charque regado a um vinho serrano, e a vida caminhava.<br /><br />Foi numa das salas de cinema da Mário Quintana que assistimos: "As Garotas do Calendário" filme esse que inspirou as gaúchas qüinquagénárias a participarem da folhinha tupiniquim: "Gurias do Calendário" em dezembro de 2005. Com meus olhos de observador tenho constatado muitos casais que já passaram dos sessenta trocando carinhos ali naquela via. Há sim um incentivo ao desejo, a troca de afeto. O caminhar indolente dos fins de semana nas calçadas desobstruídas. A velocidade calma dos automóveis que circulam faz com que o carinho renasça no coração dos transeuntes. Há uma gama enorme de seres felizes na Rua da Praia. Está estampada no rosto as horas de alegria pelas quais passaram ou estão passando.<br /><br />Mesmo para os solitários, há as lojinhas com computadores para contato direto nos sítios de relacionamento quando conseguem escapar das seguidoras da deusa afrodite da praça da Alfândega. Lá na saída para a avenida Independência há sobrados com fotos coloridas nas escadas, como se fossem gravuras de atrizes de cinema. Lá as moçoilas reforçam o título de corredor do amor da rua mais famosa dos porto alegrenses. Quem for lá juízo para não tecer esse comentário porque a taxa periga subir.<br /><br />Foi nessa rua que Luciano que veio lá de São Francisco de Borja conheceu Ana Rita que havia chegado a poucos de Vacaria. O casal se conheceu, namorou, noivou, passeando ali no corredor do amor. Se casaram e foram morar em Canoas. Um dia, depois de anos juntos voltaram a rua e na fila do cinema: Ana neste dia encontrou Carlos, o jovem a quem havia prometido amor eterno quando morava no sítio na serra. Junto com ele, por coincidência, estava Luana, jovem essa que havia sido a paixão da infância de Luciano lá na região das missões.<br /><br />Os casais no dia, ou na noite, trocaram o cinema por um bom papo a quatro cabeças. Havia muito o que conversar. E como havia. O cenário foi uma lancheria ali pertinho. O lanches no prato esfriando, o refrigerante esquentando e a conversa era o principal ítem do cardápio dos quatro. Hoje os quatro são vizinhos em Canoas. São testemunhas um do outro nos registros civis dos filhos que crescem juntos e estudam na mesma escola. De vez em quando vêm a Rua da Praia, matar as saudades do dia do reencontro e celebrar a vida que hoje levam. Pelo que se percebe, ninguém consegue passar imune pela Rua da Praia. Ninguém escapa dos fascinantes encantos de Afrodite e/ou Vênus. Que Oxum, Dandalunda proteja os amantes. Viva o amor.<br /><br />GERALDO POTIGUAR DO NASCIMENTO/2006Geraldo do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/17902723688788503222noreply@blogger.com3